sábado, 18 de agosto de 2012

Último dia do Ramadão: «histórias» que ficam


Com a chegada do Ramadão, inicia-se uma mudança bastante acentuada em vários campos da vida em sociedade. Durante aquele, é extremamente proibido comer, beber, fumar ou mascar pastilha em locais públicos. Para todas as pessoas provenientes de países não Muçulmanos (falo de países cujas culturas não são baseadas no Islamismo), entrar neste mês de imposição transforma-se numa verdadeira aventura.

Hoje, dedico este tópico a algumas situações que se passaram com os Portugueses que vivem no Kuwait durante o Ramadão.

Das poucas vezes que tínhamos de ir a algum lugar específico, durante o dia, onde levávamos inevitavelmente algum tempo, o que mais nos custava (a mim e ao meu colega de trabalho Tuga) era a sede. Recordo-me do dia em que fomos comprar as nossas viagens de férias. Após a viagem de casa aos escritórios da companhia área, mais a longa espera pela nossa vez, o meu colega já não se sentia necessariamente bem com a sede. Solução? Foi à casa de banho para arranjar alguma forma de saciar a sede. No meio disto tudo, havia uma fonte de água potável dentro da casa de banho onde foi possível beber água semi às escondidas. Ainda gostava de saber o que fazia uma fonte de água na casa de banho. Seria direccionava para as pessoas que não praticam o jejum religioso ou era habitual?!

Num dos dias em que estivemos nos escritórios do nosso Sponsor, a sede ataca de novo o meu colega Tuga. Assim como quem não quer a coisa, o meu colega pergunta-lhe de está a fazer jejum. O Sponsor arregaça uma manga e mostrando-nos uma tatuagem com uma cruz e afirma que é Católico! O meu colega perguntou-lhe, então, se poderia beber água. Bem, não se fez esperar por uma solução: encaminharam-nos para uma espécie de cozinha ao lado dos escritórios, verificaram de não haveriam pessoas à espreita - como se fossemos uns criminosos -, fecharam a porta e… água! O mais caricato foi termos visto perfeita para uma Mesquita ali ao lado.

Uma das situações mais “perigosas” que se passou connosco foi quando por volta das 17h30 (durante o jejum) fui com outros Tugas comprar algo para o nosso jantar (horário em que os Kuwaitis estão a comprar comida para alimentarem-se um pouco mais tarde no fim do jejum) e a rapariga Tuga decidiu comprar umas uvas. Como não sabíamos se as uvas eram doces, o que ela fez? Tirou um bago e provou… Continuamos as compras, pagamos e quando estávamos a sair do supermercado caiu-nos tudo! Tomamos consciência que ainda não se podia comer naquele horário… A sorte foi ninguém ter reparado ou simplesmente terem ignorado pelo facto de não sermos Árabes (mas não nos livraria da prisão...). Que sorte!

Outra história ocorreu com um casal Tuga recém-chegado ao Kuwait (sejam bem-vindos!). Estavam às compras e, ainda durante o período do jejum religioso, decidiram pedir ao funcionário uma azeitona para verificar se eram boas. O funcionário ficou com cara de parvo e simplesmente não lhes dirigiu qualquer tipo de resposta… Ao fim de uns minutos, os Tugas lembraram-se que ainda não se poderia comer, logo, era proibido provar fosse o que fosse naquele horário!

Apesar de um ou outro contratempo que resultava do nosso esquecimento em relação às regras do Ramadão por a realidade do nosso país de origem ser bastante dispare, conseguimos “sobreviver” às obrigações impostas por esta sociedade supostamente religiosa.

Assim, hoje, chegou ao fim o mês do Ramadão de 2012/1433. Agora seguem-se três dias de festa chamadas de «Eid» (que irei falar mais tarde).

Que venha o próximo Ramadão!

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