segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Adeus Kuwait...



Esta é uma das últimas entradas que irei colocar sobre o Kuwait aqui neste espaço. Não, este Blogue não está em crise, avizinhando-se o seu fecho, muito antes pelo contrário!

Esta é a última semana que ficarei a trabalhar/viver neste país Árabe. Mais uma vez, existem muitas histórias para contar, muitas aventuras e desventuras, muita pressão psicológica, muito choro e desilusão, muita felicidade, muita saudade e admiração provocado pelo impacto cultural, etc.

Apesar de tudo, hoje ainda vou escrever sobre a minha experiência de Vida por este “Mundo Árabe” (curioso o facto que enquanto escrevo este texto oiço o chamamento para a Oração que entoa por todo o lado…)

Hoje é dia de fazer uma breve lista de palavras Árabes semelhantes ao Português (na verdade, o Português é que adoptou algumas palavras Árabes no seu vocabulário).


Palavras iguais:
- factura

- batata

- tomate

- salsa

- ananas

- manga

- gravata

- arroz

- taça

- saia (palavra Árabe de Marrocos)

- mobilia (palavra Árabe usada no Egipto)


Palavras muito semelhantes:
- zeite (azeite)

- zeitona (azeitona)

- sucar (acuçar)

- camise (camisa)


Palavras semelhantes:
- almohada (almofada)

- cata (gato/gata)

- face (foice)

- ruha (expressão para mandar alguém embora como: rua!)


Curiosidade sobre a palavra PORTUGAL:

Portugal significa laranja (fruto)

Portucal significa cor de laranja

A palavra Oxalá é baseada na palavra Árabe Inshala (muito utilizada pelos Árabes) que significa "se Deus quiser".



Esta lista é muito interessante, não acham? Afinal a passagem dos Mouros por terras Portugueses deixou a sua marca visível na nossa cultura muito para além da arquitectura específica.

Em breve, irei fazer um resumo geral sobre o meu percurso de Vida aqui pelo Kuwait. Acredito que ficarão surpreendidos!

Até lá!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Não oiço música... é pecado!


Apesar de estar quase a terminar a minha jornada aqui pelo Kuwait, ainda tenho muitas histórias para vos contar (muitas delas ficarão para contar pessoalmente aos amigos devido à privacidade das situações). Mas hoje venho contar-vos algo sobre música (não, não vos vou “dar música”).

Sabe-se, genericamente, que a música (determinado estilo de música) pode relaxar os Seres e mesmo ser terapêutica em situações específicas (musicoterapia). Todavia e para contraria a evolução natural da Vida e da ciência/conhecimento em geral, a música é considerada pecado pelo Corão! Sim, é mesmo! Os Muçulmanos mais radicais não ouvem absolutamente música alguma! Por seu turno, na Arábia Saudita, talvez o país mais radical de todos (radical no sentido de usar o Corão como Lei), é proibido a existência de música em locais públicos!

Agora que vos expliquei este ponto do Corão, posso contar-vos uma situação que aconteceu no meu local de trabalho.

Num dos dias entre o Natal e a passagem de ano, um homem da Arábia Saudita entrou na nossa loja acompanhado pela sua esposa (completamente tapada!), ele com vestes tradicionais incluindo a barba longa e a sua filha menor. Ao fim de uns minutos de estarem a olhar para a roupa, o homem em questão pediu para desligar a música ambiente da loja (música calma sem batida) ao qual os meus colegas Muçulmanos responderam positivamente ao seu pedido (esta situação ocorreu durante a minha pausa de refeição). Momentos mais tarde, o meu colega Tuga contou-me o que se passara na minha ausência. Bem, fiquei literalmente a “bater mal” com o pedido – numa perspectiva Ocidental – absurdo! Assim que foi possível falar com os meus colegas sobre o motivo de o homem ter pedido para desligar a música ambiente, eles responderam “é normal”. Esta suposta normalidade ficou-me encravada na garganta: «como seria possível considerarem o pedido de um cliente qualquer para desligar a música ambiente de um local público normal?!» Claro que esta interrogação levou a contra-argumentos de ambos os lados. Do meu lado e na minha perspectiva, o homem que fez aquele pedido teve uma grande lata! E o que deixei claro aos meus colegas foi que se o homem em questão entrasse em minha casa como convidado ou no meu carro e fizesse o mesmo pedido, eu cederia sem pensar duas vezes. Agora desligar a música de um local público só porque ´sim´? Nem pensar! Por seu turno, os meus colegas só responderam “tu não compreendes o que significa…” ao qual respondi que ele também deveria pedir para desligar o ambiente de som do centro comercial! E, pronto, a conversa ficou por aqui…

Resumidamente, eu sei que estamos a falar de duas sociedades completamente diferentes e que quando toca a radicais Islâmicos as diferenças ainda se acentuam mais, mas façamos como toda a gente faz: vou a um determinado local público, se não gostar de algo desse sítio não volto a lá entrar! Não vou pedir para mudarem só porque eu (quem sou eu?) não gosto de algo…

Bem, fica aqui aberta a discussão sobre a legitimidade do pedido referido.

Viva a Liberdade e a Multiculturalidade!


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Boas Festas 2012


«Este Natal vai ser diferente» poderia ser o nome de mais uma canção de Natal dentro de muitas outras centenas já existentes com esta temática. Efectivamente, o meu Natal e passagem de ano de 2012 foram, mais uma vez, diferentes. Como todos devem calcular, este ano desfrutei destas festividades no Kuwait junto da minha Família adoptiva de Portugueses e Luso-descendentes que residem por estas terras Árabes.

O Natal deste ano teve um gosto verdadeiramente Português: sempre falado na Língua de Camões, com o rei da festa chamada ´Bacalhau`, peru, bolo-rei, azevias, doces tradicionais e até pastéis de nata! Senti-me mesmo, mesmo aconchegado e Feliz!

A passagem de ano começou com um grande imprevisto de última hora. Porém, como bons Portugueses que somos, conseguimos reorganizar a festa inicialmente prevista e divertirmo-nos à grande! Comemos, bebemos, dançamos, divertimo-nos e inclusive tivemos direito a fogo-de-artifício privado! Um dos nossos amigos Tugas comprou algumas canas de lançamento numa rua do Kuwait (ai quão ilegal isto seria em Portugal…) e à meia-noite foi só apreciar os foguetes a arrebentar no céu escuro iluminado por várias cores escondidas nas “canas” (fiquei parvo como uma pequena cana de lançamento conseguia abrir um grandioso e colorido fogo-de-artifício!).

Resumidamente, este foi mais um Natal e passagem de ano diferentes em toda a minha Vida que ficarão guardados na minha memória e coração! Obrigado por tudo!

Tenho, ainda, de fazer um agradecimento especial ao Carlos e à Clara por abrirem a vossa casa para os nossos jantares/festas. Vocês são muito especiais! Obrigado!