segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Não oiço música... é pecado!


Apesar de estar quase a terminar a minha jornada aqui pelo Kuwait, ainda tenho muitas histórias para vos contar (muitas delas ficarão para contar pessoalmente aos amigos devido à privacidade das situações). Mas hoje venho contar-vos algo sobre música (não, não vos vou “dar música”).

Sabe-se, genericamente, que a música (determinado estilo de música) pode relaxar os Seres e mesmo ser terapêutica em situações específicas (musicoterapia). Todavia e para contraria a evolução natural da Vida e da ciência/conhecimento em geral, a música é considerada pecado pelo Corão! Sim, é mesmo! Os Muçulmanos mais radicais não ouvem absolutamente música alguma! Por seu turno, na Arábia Saudita, talvez o país mais radical de todos (radical no sentido de usar o Corão como Lei), é proibido a existência de música em locais públicos!

Agora que vos expliquei este ponto do Corão, posso contar-vos uma situação que aconteceu no meu local de trabalho.

Num dos dias entre o Natal e a passagem de ano, um homem da Arábia Saudita entrou na nossa loja acompanhado pela sua esposa (completamente tapada!), ele com vestes tradicionais incluindo a barba longa e a sua filha menor. Ao fim de uns minutos de estarem a olhar para a roupa, o homem em questão pediu para desligar a música ambiente da loja (música calma sem batida) ao qual os meus colegas Muçulmanos responderam positivamente ao seu pedido (esta situação ocorreu durante a minha pausa de refeição). Momentos mais tarde, o meu colega Tuga contou-me o que se passara na minha ausência. Bem, fiquei literalmente a “bater mal” com o pedido – numa perspectiva Ocidental – absurdo! Assim que foi possível falar com os meus colegas sobre o motivo de o homem ter pedido para desligar a música ambiente, eles responderam “é normal”. Esta suposta normalidade ficou-me encravada na garganta: «como seria possível considerarem o pedido de um cliente qualquer para desligar a música ambiente de um local público normal?!» Claro que esta interrogação levou a contra-argumentos de ambos os lados. Do meu lado e na minha perspectiva, o homem que fez aquele pedido teve uma grande lata! E o que deixei claro aos meus colegas foi que se o homem em questão entrasse em minha casa como convidado ou no meu carro e fizesse o mesmo pedido, eu cederia sem pensar duas vezes. Agora desligar a música de um local público só porque ´sim´? Nem pensar! Por seu turno, os meus colegas só responderam “tu não compreendes o que significa…” ao qual respondi que ele também deveria pedir para desligar o ambiente de som do centro comercial! E, pronto, a conversa ficou por aqui…

Resumidamente, eu sei que estamos a falar de duas sociedades completamente diferentes e que quando toca a radicais Islâmicos as diferenças ainda se acentuam mais, mas façamos como toda a gente faz: vou a um determinado local público, se não gostar de algo desse sítio não volto a lá entrar! Não vou pedir para mudarem só porque eu (quem sou eu?) não gosto de algo…

Bem, fica aqui aberta a discussão sobre a legitimidade do pedido referido.

Viva a Liberdade e a Multiculturalidade!


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