Período do Ramadão
O Ramadão é um mês de extrema efervescência religiosa, como já
deverão ter lido AQUI. Com a ignorância que me acompanhava, pensava que iria
ser um período duro, extremista e de tristeza. Porém, enganei-me redondamente! Este
foi o melhor período que vive no Kuwait!!! Ora vejamos: trabalhava unicamente 5
horas por dia (após o período de jejum, ou seja, à noite) o que permitia fazer
aquilo que não me era possível em dias normais, como ir à piscina, à praia,
jantar com amigos (Portugueses), conhecer algumas zonas do Kuwait, relaxar,
etc. A questão de não poder ingerir nada durante o dia em locais públicos foi
facilmente contornável e nenhum bicho-de-sete-cabeças! Se quiserem saber mais,
leiam os Post dedicados a este tema!
Oração e Religiosidade
A maioria dos habitantes do Kuwait são Muçulmanos. Os que
seguem esta religião com maior proximidade rezam, supostamente, cinco vezes ao
dia. Verifico que alguns Kuwaitianos, principalmente os mais novos, já não seguem
tão estritamente estas regras religiosas. Apesar de tudo e para terem noção de quão
importante esta religião é para os Kuwaitianos e em conversa com um dos meus
amigos locais sobre este tema, chegámos à conclusão que a religião é imposta a
todos os cidadãos (independentemente da sua vontade pessoal), pois se algum
elemento da família assumir-se como não-Muçulmano esta deixa automática e consequentemente
de lhe falar, expulsando-o/a de casa.
Já por várias vezes falei sobre este tema aqui neste Blogue,
mas não me canso de rever alguns pontos sobre esta religião. No que toca à oração,
vou deixar-vos um exemplo verdadeiro e vivenciado por mim no meu local de
trabalho. Após o chamamento para a Oração, um dos meus colegas iniciou o seu
rito de oração (fê-lo no armazém da loja). Eu estava à conversa com um outro
colega no mesmo espaço físico a perguntar como se dizia ‘roupa interior’ em Árabe,
pois um cliente tinha-me pedido tal artigo. Quando o rapaz termina de orar,
começou a responder à pergunta que eu tinha colocado entretanto (durante a oração,
eles entram supostamente num momento de transe, ao qual não podemos
interromper). Ora, conclusão do sucedido de acordo com a minha perspectiva: ele
estava tão focado na sua oração e tão “conectado” com Deus que sabia tudo o que
eu tinha falado durante aquele momento. Este é um exemplo claro que muitos
rezam por obrigação e por «medo» de Deus e não por espiritualidade, essência e
verdadeiro Amor por Deus.
Relacionamentos Amorosos
Este é um ponto muito complexo. Começo já por advertir que felizmente
conheci alguns casos opostos ao que irei contar de seguida.
No Kuwait (e um pouco por todos os países Árabes) não existe
o período de conquista, de descoberta, de aventura, de desilusão – por vezes –
chamado de Namoro. Basicamente, quando algum Kuwaitiano pretende casar (sim,
casar! Nada de namoros!), pede à família, normalmente à mãe, para iniciar a
procura de noiva. Os requisitos são variados, mas costumam basear-se em
pertencer a uma família com bom nome. De seguida, o homem escolhe uma noiva de
entre o leque que a mãe lhe apresenta e, posteriormente, as famílias iniciam a cerimónia de
noivado e a preparação do casamento (a mulher não tem poder de decisão. Casa com o homem que
a escolhe e ponto final!). Onde está o
Amor no meio disto tudo?, deverão estar a questionar-se. Pois, segundo os
Árabes, esse surge após o casamento… Caso não surja, há sempre soluções.
- O divórcio que é permitido no Islão (O Kuwait tem uma taxa de divórcio muito significativo [para não dizer elevado]);
- Ter uma relação extraconjugal. As mulheres casadas arranjam o/os seu/seus namorados (amantes) e eles a sua/o seu amante, verificando-se, assim, que o casamento serve para ter filhos e deixar as suas famílias felizes.
- Casar com uma segunda, terceira ou quarta mulher. No Kuwait, os homens podem casar com até quatro mulheres e ter filhos de qualquer uma delas.
- Matar o cônjuge! Ai, desculpem-me, esta não conta (piada negra).
Agora deixo-vos um exemplo real e triste que aconteceu com
uma rapariga Europeia que conheço: ela namorava com um Kuwaitiano e eram minimamente
felizes até ao dia em que ele terminou a relação. Motivo: a família impunha-o a
celebrar um casamento tradicional com uma Kuwaitiana! Entre desiludir a família
ou a namorada, a decisão foi fácil: numa desrespeitar a família! Existem,
ainda, casamentos-“negócio” em que ele casa com uma mulher que esteja disponível
para conseguir esconder a sua verdadeira orientação sexual (este assunto será abordado na
próxima entrada deste Blogue).
Concluo reafirmando que estes casos dependem muito do tipo
de família a que o Kuwaitiano provém (os tradicionais não têm opção de escolha)
e que conheci casos em que eles namoravam ou eram casados com mulheres Europeias/Americanas
(casos raros, é um facto…).
(Continua...)
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